quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Comida de boteco


Ah, esses posts metalinguísticos... Queria evitá-los, mas já vi que é impossível.












Quando eu era pequena, ia viajar pra Praia da Baleia com minha família. Certa vez, fomos almoçar em algum lugar ali perto. Entramos em uma ruazinha, fomos até o fim e chegamos num restaurante chamado "Fundo de Quintal". E era literalmente isso. Tinha uma casa, e nos fundos, um espaço relativamente amplo, cheio de mesas e pessoas e comidas gostosas. O chão era de areia.

Foi a primeira vez que eu comi frango à passarinho. Achei sensacional. Toda vez que tenho a oportunidade de degustar essa maravilha, me vem a sensação dos pés no chão de areia. Lindo.

Há vários meses, comecei a encanar com a expressão frango à passarinho. É um nome esquisito, tipo, passarinho é um bicho que não tem a ver com frango. Tá certo, a relação está na forma dos frangos - mas mesmo assim, o nome deveria ser frango em forma de passarinho. Sei lá. Pirei na expressão, fiquei obcecada e decidi que, dali em diante, qualquer coisa a que eu pudesse dar um nome - banda, filme, produtora, cachorro - se chamaria Frango à Passarinho.

Pronto.

O nome "Pensamento quatridimensional" sempre me incomodou muito, primeiramente porque essa expressão é horrível e tosca, uma tentativa fraca de nominalização de uma frase verbal ("Você não está pensando quatridimensionalmente", vide primeiro post), e em segundo lugar, porque ela é completa e descaradamente redundante em relação à descrição do blog - isso mesmo, e não o contrário, já que a descrição, nesse caso, é mais importante que o título do blog, porque ela é a frase original. Ainda assim, deixei esse título esdrúxulo com alguma auto-promessa de pensar em algo melhor nos dias subseqüentes. Mas não aconteceu, e eu só me lembrei dessa situação quando a Gabriela me chamou a atenção na última quinta-feira.

Hoje eu estava pensando sobre isso e me veio à mente que o nome "Cansei de Ser Sexy" é extremamente interessante para uma banda, justamente por ser uma frase verbal - com dois verbos, inclusive. Adoro essas pequenas subversões que se utilizam da gramática como artifício. Adoro gramática.

Enfim, o título novo não é nada verbal, mas faz muito sentido. Eu sei que só faz pra mim, mas tudo bem, espero obter vossa compreensão com esse post. Senão, foda-se, quem precisa de sentido hoje em dia? Sentido se inventa. Inventem um sentido aí. Pronto, ele tá valendo. É isso aí, mundo livre, arte livre, liberdade de pensamento, pluralidade de sentidos, chãos de areia, putaria.

4 comentários:

Sofia disse...

Meu!
eu falo melhor depois

mas eu também tive experiências maravilhosas nesse restaurante
Com chão de areia

Mimimimimimi foi lá que eu experimenei lula pela primeira vez e amei. Cacete.
Bateu uma puta nostalgia em mim.

Danke, mein gut freund

Ielisavieta disse...

Eu achei uma história fofa.
Não lembro de ter passado por nenhum momento especial nesse restaurante... Na real, acho que nem conheço o restaurante.
Mas esse teu parágrafo final é sensacional, hahahahahaha!
É MUITO a vida que a gente vive. Pós-modernismo. Bundalelê.

Ielisavieta disse...

Essa vibe de frases verbais... Não saquei o encanto.
(já que é pra ser chata, né)

Ielisavieta disse...

Me linka aí, ô vagaranha.