quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Adeus, juízo

Há quatro anos eu tirei dois dentes do siso.
(quem vier me falar em dente do ciso - com cê - vai levar porrada)

Foi uma das piores experiências da minha vida - assim mesmo, bem exagerado. Mesmo tomando antibiótico após a extração, o buraco inferior infeccionou, dando início a três ou quatro semanas infernais. O fofão que estava preso dentro de mim se libertou e tomou conta do meu belo semblante por muito tempo. Além da dor constante, tive que voltar a tomar antibiótico - dois antibióticos, se não me engano, e ambos nojentos, me punham num estado de náusea constante. Só lembro que o cheiro dos comprimidos permaneceu na minha memória olfativa por meses, sempre causando uma puta ânsia de vômito a cada vez que era rememorado.

Falando em Fofão, eu sempre tive muito cagaço dele, puta bicho feio e macabro e do mal


O pior eram as idas à dentista a cada três dias pra irrigar. Ela enfiava uma espécie de seringa com algum líquido bem lá na carne mole. E mexia e injetava coisas. É aquele tipo de situação que, se fosse retratado audiovisualmente da forma mais clichê possível, começaria com a imagem da dentista se aproximando, talvez um plano fechado dos meus olhos desesperados e, com certeza, terminaria com um plano abertão de fora do consultório com o meu grito ressoando pela cidade...


A vibe

Enfim, não melhorava nunca... Na quarta vez que voltei à fatídica sala de tortura, comecei a chorar assim que a dentista deu um passo em minha direção, antes mesmo de ela sequer encostar em mim. E não parei de chorar nas duas horas subsequentes.
Tal episódio me levou a escrever na ocasião o seguinte relato:

Eram cirurgiões assassinos com manchas de sangue nos jalecos. Empunhavam utensílios de açougue e mecanismos de tortura medievais. Foi assim que arrancaram para fora minhas entranhas, expurgaram meu ponto vital, retiraram a parte mais importante do meu metabolismo: dois dentes-do-siso foram extraídos.
E diversas vezes lá retornei com esperanças de que aquele pesadelo acabasse, mas não, as almas negras dos médicos se divertiam cruelmente com a minha dor, meu sangue jorrava. Com o passar dos dias, fungos se proliferavam nas minhas gengivas, minha bochecha crescia tanto que parecia que ia explodir (estava maior do que já é!), ficava tão pesada que eu tinha a sensação de arrastá-la pelos cantos. Vivi meus dias de buldogue condenado.
Até que passou. Cerca de mil anos depois.
Crianças, NÃO EXTRAIAM OS SISOS EM HIPÓTESE ALGUMA.

Podem falar o que quiserem - que eu sou exagerada, dramática. E que eu inventei um hífen bizarro em "dente do siso" (será que eu tava zoando?). De qualquer maneira, foi uma experiência traumática, e é por isso que eu nunca mais quis ouvir falar em siso. Mandei à merda os outros dois que estavam nascendo. Sumi por quatro anos, não quis saber. Esquecido o trauma, resolvi encarar a situação.

Há uma semana, tirei os outros dois sisos remanescentes.

Atenção para os pedaços de gengiva que ficaram grudados… E, naturalmente, pro tamanho das raízes


Antes da operação eu quase vomitei de nervoso. Só lembro de ter vomitado de nervoso uma vez, antes da minha apresentação de teclado, aos 10 anos. Então isso é uma coisa meio big deal pra mim.
Experimentei novamente aquela sensação da dentista empurrando a gengiva à toda força com um ferrinho, e depois raspando o osso pra abrir espaço... Putz. Sem falar na hora que arranca mesmo, em que ela vai forçando e alavancando o dente com a maior brutalidade. É uma vibe muito açougue. Mesmo pra quem já teve um dedão moído, arrancado e costurado.
Até agora, está tudo sob controle... Tenho cuidado muito bem, limpado com muita dedicação. O local da extração parece meu filhinho. Só falta eu cantar música de ninar. Tô otimista.


Agora me diz, cadê a porra da fada do dente pra agilizar uma recompensa muito louca, hein?

domingo, 26 de outubro de 2008

Alguém já tinha reparado?





















O Predador tem dreads. Mó style.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Comida de boteco


Ah, esses posts metalinguísticos... Queria evitá-los, mas já vi que é impossível.












Quando eu era pequena, ia viajar pra Praia da Baleia com minha família. Certa vez, fomos almoçar em algum lugar ali perto. Entramos em uma ruazinha, fomos até o fim e chegamos num restaurante chamado "Fundo de Quintal". E era literalmente isso. Tinha uma casa, e nos fundos, um espaço relativamente amplo, cheio de mesas e pessoas e comidas gostosas. O chão era de areia.

Foi a primeira vez que eu comi frango à passarinho. Achei sensacional. Toda vez que tenho a oportunidade de degustar essa maravilha, me vem a sensação dos pés no chão de areia. Lindo.

Há vários meses, comecei a encanar com a expressão frango à passarinho. É um nome esquisito, tipo, passarinho é um bicho que não tem a ver com frango. Tá certo, a relação está na forma dos frangos - mas mesmo assim, o nome deveria ser frango em forma de passarinho. Sei lá. Pirei na expressão, fiquei obcecada e decidi que, dali em diante, qualquer coisa a que eu pudesse dar um nome - banda, filme, produtora, cachorro - se chamaria Frango à Passarinho.

Pronto.

O nome "Pensamento quatridimensional" sempre me incomodou muito, primeiramente porque essa expressão é horrível e tosca, uma tentativa fraca de nominalização de uma frase verbal ("Você não está pensando quatridimensionalmente", vide primeiro post), e em segundo lugar, porque ela é completa e descaradamente redundante em relação à descrição do blog - isso mesmo, e não o contrário, já que a descrição, nesse caso, é mais importante que o título do blog, porque ela é a frase original. Ainda assim, deixei esse título esdrúxulo com alguma auto-promessa de pensar em algo melhor nos dias subseqüentes. Mas não aconteceu, e eu só me lembrei dessa situação quando a Gabriela me chamou a atenção na última quinta-feira.

Hoje eu estava pensando sobre isso e me veio à mente que o nome "Cansei de Ser Sexy" é extremamente interessante para uma banda, justamente por ser uma frase verbal - com dois verbos, inclusive. Adoro essas pequenas subversões que se utilizam da gramática como artifício. Adoro gramática.

Enfim, o título novo não é nada verbal, mas faz muito sentido. Eu sei que só faz pra mim, mas tudo bem, espero obter vossa compreensão com esse post. Senão, foda-se, quem precisa de sentido hoje em dia? Sentido se inventa. Inventem um sentido aí. Pronto, ele tá valendo. É isso aí, mundo livre, arte livre, liberdade de pensamento, pluralidade de sentidos, chãos de areia, putaria.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Crônica de uma faminta


Ontem à noite eu inventei um sanduba mó da hora.

Nas últimas noites eu não tenho tido apetite nenhum. Só a idéia da comida do almoço requentada já me dá enjôo... Então não como nada. Quando muito, um pãozinho com manteiga.
Na manhã seguinte acordo com a barriga roncando, a sensação de noite meio mal dormida... Sem contar as eventuais mini-dores de cabeça.

Ontem à noite eu pensei, assim não dá, assim não pode. Cheguei na cozinha e inventei um sanduba. E ficou bem da hora.

Sanduba da hora

- 2 fatias de pão de fôrma
- umas fatia aí de mussarela
- maionese (light é melhor, sei lá por que, mas é)
- umas rodelas de tomate
- alface picadsinha que sobrou da salada
- azeite e sal

É assim mano: passa a maionese nos pão, aí bota a alface em cima de uma das fatias, e, sobre ela, as rodelas de tomate. Daí você mete um pouco de azeite e de sal, porque alface e tomate sem azeite e sem sal é foda. Sobre a outra fatia de pão você põe as mussarelas. A distribuição de ingredientes em cada fatia de pão tem que ser essa, senão dá errado! Bom, aí é só fechar o sanduba e engolir antes que chegue um estrupício pedindo um pedaço.

Ficou muito da hora.

PS.: Eu achei que ia dar mó sede por causa da mussarela, mas o tomate e a alface quebram a secura de uma forma quase perfeita. Que lindo.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Crises

























Meu deus, era MUITO fácil...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O dia mais comprido do Brasil


Sexta-feira, 06 de junho de 2008. A cena do Inferno seria gravada na manhã de sábado. O filme se passava também em outros dois cenários que já estavam prontos. A locação em que eu montaria o Inferno já havia sido liberada pra mim segunda, mas como eu não sei seguir cronogramas, me enrolei com os outros cenários e só pude me dedicar a esse na véspera.

A idéia de Inferno era um porão meio cavernoso com um bar. Daí eu pensei em fazer a textura de caverna com massa corrida e colocar uma meia-parede de madeira em um dos lados pra parecer que o diabo tava lá no inferno meio entediado e resolveu reformar um pedaço pra fazer um bar! (ok, é mais ou menos isso, mas não to a fim de ficar explicando conceito aqui e tal... hauhauha)

Na terça-feira à noite eu tinha conseguido começar a passar massa corrida nas tapadeiras, mas bem pouquinho.
















Sexta-feira eu acordei às 7h, e pensei "bem, fodeu. é agora."
Cheguei na USP às 8h e comecei o trabalho. Sozinha, sem assistentes.

11h:















13h:














(adoro sujar as patas, me sinto tão pedreira-ativa)


14h:















16h:















19h:














21h:














Depois disso virei zumbi e não tirei mais fotos... De madrugada o Nicko e o Gustavo me ajudaram e conseguimos ir embora às 3h30. Dei carona pra eles, cheguei em casa às 5h, dormi por 45 minutos e voltei pra USP porque a gravação ia começar...

8h:














O resultado na câmera ficou ótimo, deu mó certo. Na foto aqui não dá pra ver direito, o que importa é como fica com a lente e o suporte que usamos. A textura, as cores e as linhas mudam um pouco. O mais foda é desenvolver a habilidade de prever isso a olho nu! (que é algo que eu comecei a aprender, junto com a importância de seguir cronogramas...)

Nesse dia, ao mesmo tempo em que construía o Inferno, tive que ir atrás do balcão. Eu tinha feito um projetinho pra ele e achei uma escrivaninha abandonada que podia ser adaptada com uns pedaços de madeira. Acabou que no CTR tinha um balcão, eu só precisei ajustá-lo com uns pedaços de tecido e de madeira, pregar uns bagulhos e pronto. As prateleiras, por sua vez, iam na frente da janela (pra gente poder fazer um efeito de luz nas garrafas), mas o Nicko tentou pregá-las e a janela começou a cair, hauhauha... Ah, reparem na luzinha à esquerda da janela, à direita de quem vê a foto. Não dá pra ver direito aí, mas é uma luminária com uma lampadinha que eu comprei que simula uma chama! Sensacional!

Agora eu to sentindo que eu sou capaz de construir um prédio em dois dias. Muito bom fechar meus vinte anos dessa forma!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Para Joseph


A única coisa realmente ruim da vida é que ela acaba.

Só consigo pensar nisso: "And everyone must breathe / until their dying breath"